“Maskne”: um reflexo da pandemia

Home / Artigos / “Maskne”: um reflexo da pandemia

Usadas para proteção, as máscaras também têm sido motivo de procura nos consultórios por causarem acne

O mundo mudou. Nós todos já percebemos que estamos vivendo um novo normal. O início foi abrupto e entendemos que não se tratava de uma crise e, sim, de uma mudança. Ela ainda persiste, veio para impactar nossas vidas e teve origem em uma força maior, estando acima da nossa capacidade de compreensão individual.

De início, veio a negação – a não aceitação dos fatos. Porém, o efeito foi global, não fazendo distinção entre crenças e grupos sociais. O processo de superação é individual – muitos ainda resistem aos cuidados impostos pela questão sanitária e, outros, temem pelos efeitos socioeconômicos indesejados.

Acredito que, como seres dotados de mecanismos profundos e elaborados de autoproteção, evoluiremos diante dessa adversidade. A epigenética descreve os efeitos que o meio ambiente impõe sobre todos os organismos vivos e, assim, auxilia-nos a entender como nossa espécie caminhou ao longo da história. Essa é uma tradução da nossa resistência aos fatores externos que agridem, mas, ao mesmo tempo, estimulam o desenvolvimento do nosso estado de saúde e longevidade.

“Acredito que, em breve, chegaremos ao final dessa pandemia e atingiremos um estágio superior de vida na história da humanidade […]”

A pele se constitui em um órgão fundamental na nossa relação com o universo. Ela nos individualiza, protege e resiste às intempéries físicas, químicas e biológicas a que estamos submetidos no dia a dia. Nesse momento, fomos levados a mudanças de hábitos de higiene e ao uso de máscaras faciais constantemente.

O microambiente criado por essas práticas produz calor, umidade e falta de luz, estimulando o desenvolvimento de bactérias que vivem no interior das glândulas sebáceas, especialmente na região do nariz e ao redor da boca. Isso, associado ao atrito do material utilizado na confecção das máscaras – que vai desde os sofisticados tecidos de uso profissional até o algodão da máscara caseira–, produz danos na superfície da pele
e formação de acnes, levando a um quadro clínico que tem sido descrito como “maskne”, atingindo jovens, adultos e até mesmo idosos.

Os cuidados domiciliares de higiene e hidratação – assim como a interrupção criteriosa do uso da máscara por algumas horas – são medidas que auxiliam na prevenção do desenvolvimento da “maskne”. Os médicos especialistas também podem orientar tratamentos preventivos e o uso de tecnologias para manter a integridade da pele – lembrando que isso é uma prioridade, em termos de saúde, na realidade atual.

Acredito que, em breve, chegaremos ao final dessa pandemia e atingiremos um estágio superior de vida na história da humanidade, decorrente da aceleração involuntária que vivemos.

*Coluna originalmente publicada na edição #238 da revista TOPVIEW.